Foto: Eye On Palestine
Jumentos, cavalos vacas, ovelhas,
cabras, galinhas, cães, gatos e outros animais, mortos ou feridos em Israel ou
na Faixa de Gaza, não fazem parte da contabilidade das vítimas, atualizadas,
diariamente, pelos porta-vozes dos dois lados do conflito, e, raramente,
recebem proteção e assistência.
O bárbaro ataque terrorista do
Hamas em Israel, no dia 07 de outubro, e os terríveis e incessantes bombardeios,
que se seguiram, por parte de Israel, em Gaza, deixaram mais de 1.000 mortos e
cerca de 200 reféns, em Israel, e mais de 10mil mortos em Gaza, sendo 40%
desses, crianças.
Não há dados oficiais sobre os
animais mortos e feridos no conflito.
Nos kibutz israelenses, de acordo
com o site Ynetnews, os terroristas mataram não só agricultores como, também,
abateram algumas vacas e animais domésticos. Foram cinco fazendas incendiadas.
Em Gaza, há uma grande população
de jegues que são muito utilizados como veículos de carga e tração. Com a falta
de combustível, viraram meio de transporte também. Muitos foram mortos e
feridos nos bombardeios, assim como cães e gatos de rua.
Vários rebanhos de ovinos e
caprinos acompanham palestinos, em trânsito pelas estradas de Gaza, que tentam
sobreviver aos bombardeios e sofrem restrições de água, comida e medicamentos.
“As ruas de Gaza ainda estão
cheias de gatos que não têm abrigo contra as bombas e, por causa desta crise,
têm mais dificuldades em encontrar comida”, alerta um post da Sulala Animal
Rescue nas redes sociais.
A Sociedade Sulala é a única
entidade protetora de animais na Faixa de Gaza, que conta com um abrigo para
cães e gatos e que faz resgates no território. Criada em 2006 por Saeed Al Err e
sua esposa Sally, eles mudaram-se para um local, relativamente, seguro, com
cerca de 400 cães e 130 gatos, pouco depois da ordem de Israel para a evacuação
dos palestinos para o sul de Gaza.
O casal e seus colaboradores não têm
medido esforços e feito um trabalho heroico para amparar tantos animais à mercê
dos atentados e da fome. Cabe destacar, a ação do grupo para levar alimento a todos
os animais que encontram pelo caminho. Cavalos e jumentos estão duramente
impactados e muito debilitados, uma vez que tem sido usados como tração para
carroças nos deslocamentos de famílias inteiras.
A Sulala tem levado alimentos
para esses e outros animais. Resgates também foram feitos, particularmente, de filhotes
de cães e gatos.
A Sulala, como entidade não
governamental, sobrevive de donativos e é possível doar por paypal através de
seu perfil no Instagram @sulalaanimalrescue
A Animals Australia também está
recebendo doações para destinar à Sumala, através do seu perfil @animalsaustralia
De acordo com o articulista Bruno
Blecher, ao longo da história, os animais selvagens e domésticos são alvo de
abusos, ferimentos ou morte em conflitos armados.
Guerra e meio ambiente
Lançada em 2018, com o objetivo
principal de aumentar a consciência e a compreensão das consequências
ambientais e humanitárias, derivadas de conflitos e atividades militares, a
organização Conflict and Environment Observatory (Observatório de Conflitos e
meio Ambiente, em tradução livre) relata danos aos animais nas guerras.
No artigo: “Como os animais são
prejudicados por conflitos armados e atividades militares”, Janice Cox e
Jackson Zee trazem informações importantes sobre os principais conflitos da
história.
Janice Cox milita há 30 anos em
movimentos internacionais de bem-estar animal. Ela, hoje, é conselheira
política da Federação Mundial para os Animais e mora na África do Sul. Jackson
tem mais de 25 anos de experiência em gestão de emergências e assuntos
humanitários. Atualmente, é diretor de ajuda em desastres da Four Paws
Internacional e mora na Áustria.
*1ª Guerra Mundial (1914-1918)
Mais de 16 milhões de animais
foram obrigados a servir por todos os lados, com 9 milhões mortos (incluindo 8
milhões de cavalos, mulas e burros).
* 2ª Guerra Mundial (1939-1945)
Mais de 750mil animais domésticos
foram mortos na Grã-Bretanha numa semana, na sequência de uma campanha de
informação pública do governo sobre segurança e a escassez de alimentos. O exército
alemão, na frente oriental, perdeu 179mil cavalos em 2 meses.
* Guerra do Vietnã (1955-1975)
O uso do Agente Laranja pelos Estados
Unidos, para eliminar a cobertura florestal, destruiu os habitats de tigres,
elefantes, leopardos e outras espécies no Vietnã, e ao menos 40.000 animais
foram mortos por minas terrestres não detonadas, nos 20 anos que se seguiram à
guerra.
* Irã-Iraque (1980-1988)
Populações de cabras selvagens,
lobos, lontras, pelicanos, hienas listradas, golfinhos de rio e outros animais
selvagens foram exterminados ou chegaram ao risco de extinção.
*Sudão (1983-2005)
A população de elefantes do Sudão
foi reduzida de 100mil para 5.000.
*Afeganistão (1990-1999)
Cerca de 75.000 animais foram mortos
devido às minas, mais da metade da população de animais usada na pecuária.
*Guerra do Golfo (1990-1991)
Mais de 80% dos bovinos no Kwait
morreram, incluindo 790mil ovelhas, 12.500 vacas e 2.500 cavalos. Cerca de 85%
dos animais do Zoológico Internacional do Kwait morreram. Um vazamento
deliberado de petróleo no Golfo Pérsico pelas tropas iraquianas causou a morte
de até 230mil animais aquáticos e pássaros.
Ao longo da história, animais
selvagens e domésticos são alvo de abusos, ferimentos ou morte em conflitos
armados. Os tratados internacionais, todos antropocêntricos, não reconhecem as
necessidades e os direitos dos animais durante as guerras.
Redatora, Blogueira, Revisora, Escritora, Vegana. Universidade do Vale do Rio dos Sinos - Unisinos |