Foto Sofía López Mañán
Mara é uma elefoa de cinco toneladas nascida
na Índia que foi trazida para a Argentina décadas atrás para se apresentar em
shows de circo. Anos depois, foi transferida para um zoológico, onde viveu
por mais 25 anos.
Após 50 anos de exploração, em meio a uma
pandemia, surgiu a oportunidade para uma nova vida em um santuário de
elefantes. Assim sendo, Mara viajou de Buenos Aires para Mato Grosso, no
Brasil, hoje seu lar.
‘Mara permaneceu
em cativeiro por meio século. Sua história é semelhante a de muitos outros
elefantes, condenados desde o nascimento à corrente e à jaula.
Mara nasceu
na Índia, no final dos anos 60, filha de um animal em cativeiro. Foi
adquirida pela empresa alemã Tierpark Hagenbeck e, imediatamente, revendida à
família Tejedor, proprietária de vários circos na Argentina.
Em 1973, o circo chegou a Acassuso, uma
cidade próxima a Buenos Aires. Lá, os irmãos César e Fabio Gribaudio, de
10 e 7 anos, a conheceram. Sua bela história foi coletada pela rádio Aire
de Santa Fe e dá uma ideia de como a mente de um elefante asiático
funciona.
César e
Fabio gostaram dela e a alimentavam com pão. Certo dia, antes do circo
partir para outra cidade, os irmãos assistiram ao último show da companhia. Para
surpresa geral, Mara se aproximou
do público e, com o baú, entregou a César e Fabio alguns pedaços de pão.
Em 1980,
César Gribaudio, já estudante universitário, viu um circo e um elefante
entrando em uma barraca de um ônibus. Ele reconheceu Mara. Ele telefonou para o irmão
e no dia seguinte eles a visitaram. Mara estava
acorrentada. Quando viu os dois meninos, ela chorou e gritou.
Em
1998, a elefoa tinha
cerca de 20 anos, pesava mais de 5.000 quilos e havia sido retirada do circo, após
a falência da Circo Rodas, em 1995. Foi, então, transferida, como depósito
judicial, para o então Jardim Zoológico de Buenos Aires.
Mara compartilhou o recinto com outros dois
elefantes, Kuki e Pupi, com quem ela nunca se entendeu. Ela
é da espécie asiática e os outros eram africanos. Eles se ignoravam.
Em carta ocasião, Cesar Gribaudio, agora casado
e com filhos, passou diante de sua jaula. Mara, então, demonstrou o que é uma memória de
elefante. Ela se lançou no fosso e avançou sua tromba para tocar
César.
Por causa dos anos de correntes, ela começou a ter infecções nas
patas. Também em decorrência do fato que os elefantes urinam com
frequência e, estando em cativeiro, estão restritos a um pequeno espaço, a
urina se acumula nas patas dos animais e gera doenças.
O tempo passou. O Jardim Zoológico de
Buenos Aires tornou-se um Ecopark e decidiu desistir de muitos de seus animais,
exatamente aqueles que mais sofreram com a rotina de confinamento.
A orangotango Sandra, famosa por ter sido declarada “pessoa não humana” por um
tribunal, foi transferida para uma reserva brasileira em 2019, após uma longa
batalha legal. Sandra parece ter se acostumado bem a sua nova vida.
Há alguns meses, o santuário de elefantes
brasileiro, administrado pelo americano Scott Blais, concordou em receber Mara.
Fazer uma viagem de 2.700 quilômetros com um
elefante não é nada fácil. Em meio a uma pandemia, com as fronteiras da
Argentina fechadas, é ainda mais difícil.
Porém, em 9 de maio, Mara entrou no caminhão que a
levaria a uma nova vida. Os irmãos Gribaudio foram convidados a se
despedir, mas a quarentena os impediu de ir ao Ecopark. Mara se foi sem
cerimônias.
Um caminhão especial, com três veículos de
escolta, atravessou o Brasil através da fronteira de Corrientes e viajou por
109 horas, sem paradas, além daquelas realizadas a cada três horas para
garantir que o elefante estivesse hidratado e calmo, e mais duas noites no
hotel.
Quando chegaram ao santuário no Mato Grosso,
a primeira coisa que Mara fez ao
sair do caminhão foi rolar no chão para se limpar. Ela experimentou manga e
goiaba. Dormiu um pouco, coçou-se contra uma árvore e comeu grama do chão
pela primeira vez em sua vida.
Em pouco tempo, socializou com Ranaz, elefoa africana, que também já foi atração de circo. Se tornaram grandes amigas.
Mara tem ainda, em média, 20 anos de vida, que prometem ser bem melhores, vivendo em liberdade, como deve ser.
Fonte: El País
Texto adaptado de Henrique González
Projeto realizado em colaboração com a
National Geographic Society
Redatora, Blogueira, Revisora, Escritora, Vegana.
Defensora dos Animais e do Meio ambiente.
Comunicadora Formada em Publicidade e Propaganda -
Universidade do Vale do Rio dos Sinos - Unisinos
Autora dos Livros:
Uma Escolha pela Vida - A Importância de Nossas Escolhas Diárias de Consumo & Veganismo em Rede - Conexões de um Movimento em Expansão
Redatora, Blogueira, Revisora, Escritora, Vegana.
Universidade do Vale do Rio dos Sinos - Unisinos
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