quinta-feira, 7 de março de 2019

Zoofilia: por que fingir que isso não existe?




Quatro em cada dez brasileiros da zona rural já mantiveram relações sexuais com animais, indica estudo.


O abuso sexual de animais é uma prática comum nas áreas rurais do Brasil e tida como uma questão cultural. Muitas vezes considerada brincadeira ou afirmação de virilidade, a zoofilia é um crime, onde homens de diferentes idades abusam da vulnerabilidade de inocentes animais de criação ou companhia.

O hábito pode ser passageiro, quando na juventude, ou durar várias décadas, mesmo depois que o homem já está casado. Seja como for, é mais uma relação de exploração, no caso sexual, em que o homem sujeita o animal a sua vontade. Uma perversão comparável à pedofilia ou estupro de vulnerável. E infelizmente, muitas mulheres são coniventes com a prática de seus parceiros, fazendo “vista grossa”.

A prática pode provocar câncer de pênis que costuma provocar mutilações terríveis. Quando células cancerosas atingem a virilha e o abdome, a amputação parcial ou total do pênis é quase inevitável.

O primeiro estudo completo sobre o assunto, um trabalho inédito no mundo, foi coordenado pelo urologista Stênio de Cássio Zequi, do Hospital A.C. Camargo, em São Paulo. O artigo científico foi aceito para publicação pelo The Journal of Sexual Medicine, o periódico mais respeitado nessa área.

O estudo reuniu 118 pacientes com câncer de pênis e 374 homens sadios entre 18 e 80 anos. Todos cresceram na zona rural. As entrevistas foram realizadas pessoalmente.

A pesquisa revelou que 31,6% dos homens sadios e 44,9% daqueles com câncer de pênis tiveram uma ou mais relações sexuais com animais a partir da adolescência.

Várias espécies foram citadas: éguas, mulas, vacas, cabras, ovelhas, porcas, cadelas etc. A maior parte (59%) dos homens declarou ter feito sexo com animais por um período de um a cinco anos. A frequência das relações variou: podendo ser uma vez na vida ou se maneira recorrente.

“As taxas que encontramos nesse estudo são alarmantes, mas verdadeiras”, diz Zequi. “Essa prática ainda é comum nas áreas rurais, mesmo entre a população jovem”. “Na nossa amostra, vimos que transar com animais dobra o risco de desenvolver câncer de pênis”, diz Zequi.

O trabalho reuniu pesquisadores de 16 centros que tratam câncer em 12 cidades brasileiras (São Paulo, Campinas, Barretos, Itapevi, Carapicuíba, Curitiba, Belo Horizonte, Teresina, São Luís, Natal, João Pessoa, Rio Branco).

 “Se estamos observando um comportamento cultural que causa danos à saúde das pessoas, as autoridades e os agentes de saúde precisam orientar a população”, diz Zequi. “É preciso dizer a esse público: lave o pênis, não tenha fimose, não transe com animal, use camisinha”.

Transar com animais não é um hábito exclusivo da pobreza. A internet ajudou a disseminar a prática também nos países desenvolvidos. Seja por curiosidade, busca por prazer, seja por doença psiquiátrica.

É preciso encarar a prática como abuso sexual com os animais, sendo a zoofilia configurada como crime ambiental. É imprescindível reportar as ocorrências e não se calar, de modo a coibir novos casos, e romper com essa prática abusiva que ainda é considerada por alguns como um costume popular. 

É inadmissível que para uma sociedade civilizada seja socialmente aceito o abuso de vulnerável, seja ele humano ou não humano. Alguém que abusa sexualmente de um animal, também é capaz de fazê-lo com uma criança, uma mulher.


Dados da pesquisa: Cristiane Segatto.


Dizy Ayala

Blogueira, Revisora, Escritora, Vegana.
Formada em Publicidade e Propaganda -  
Universidade do Vale do Rio dos Sinos - Unisinos
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2 comentários:

  1. Respostas
    1. É verdade Marise. Infelizmente. A nós cabe manifestar repúdio a essas ações criminosas. Abraço.

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