quinta-feira, 7 de outubro de 2021

Vitória para a natureza e vida marinha! Ação de ambientalistas frea leilão do petróleo e santuários são preservados.



Leilão da ANP (Agência Nacional do Petróleo, Gás e Biocombustíveis)) teve apenas 5 de 92 blocos de petróleo e gás arrematados na bacia de Santos. A 17ª rodada de Licitações foi alvo de mobilizações por parte de ambientalistas, entidades sociais e sociedade civil por envolver blocos próximos de importantes áreas de preservação ambiental do país, incluindo o Parque Nacional de Fernando de Noronha e a reserva biológica do Atol das Rocas.

 

Os 92 blocos ofertados estavam distribuídos em 11 setores das bacias Campos, Pelotas, Potiguar e Santos. Nove empresas se inscreveram para participar da disputa, mas apenas duas fizeram ofertas. Apesar de inscrita, a Petrobras não fez nenhuma proposta.

 

Estavam inscritas para participar da disputa 9 empresas: Petrobras; Chevron Brasil Óleo e Gás Ltda.; Shell Brasil Petróleo Ltda.; Total Energies EP Brasil Ltda.; Ecopetrol Óleo e Gás do Brasil Ltda.; Murphy Exploration & Production Company; Karoon Petróleo e Gás Ltda.; Wintershall Dea do Brasil Exploração e Produção Ltda; e 3R Petroleum Óleo e Gás S.A.

 

O coordenador-geral da Federação Única dos Petroleiros (FUP), Deyvid Bacelar, destacou a importância da mobilização da sociedade civil para "evitar o 'passar da boiada' do governo federal".

 

Já o presidente da Associação Nacional de Petroleiros Acionistas Minoritários da Petrobras (Anapetro) afirmou que “as incertezas jurídicas e impactos socioambientais não considerados pela ANP, fazendo de forma açodada e sem as devidas licenças, contribuíram para o fracasso da rodada”.

 

A Shell arrematou sozinha 4 dos cinco blocos e formou consórcio com a Ecopetrol para arrematar o quinto, todos na Bacia de Santos, litoral de São Paulo.

 

Demais blocos ofertados:

 

Bacia de Pelotas, litoral de Santa Catarina e Rio Grande do Sul;

Bacia Potiguar, litoral do Rio Grande do Norte, Ceará e Fernando de Noronha;

Bacia de Campos, litoral do Rio de Janeiro e Espírito Santo.

 

Os ativistas ambientais das organizações que protestaram contra o leilão, em frente ao hotel onde a ANP realizou a disputa, também comemoraram o resultado. “Às vésperas da COP26, esse foi um claro recado aos governos do Brasil e do mundo inteiro de que a sociedade civil não tolera mais os danos que o petróleo e o gás representam para o meio ambiente e as comunidades”, disse Ilan Zugman, diretor da 350.org na América Latina.


Mobilizações para frear o Leilão do Petróleo:

 

- Foram realizadas diversas audiências públicas em vários municípios do estado de SC, promovidas pelo instituto Arayara e Observatório do Petróleo e Gás, para discutir os impactos ambientais da exploração do petróleo no litoral catarinense.

 

- Ação civil pública, movida por várias entidades que representam o meio ambiente, que pedia a suspensão da licitação da ANP.

 

- Manifestação realizada em frente ao hotel onde aconteceu o leilão, na orla da Barra da Tijuca, Zona Oeste do Rio, no dia de hoje, 07/10.

 

Segundo ambientalistas, não há estudos conclusivos sobre o impacto ambiental da exploração do petróleo e que qualquer vazamento poderia destruir patrimônios naturais. Sendo que alguns dos blocos estão em áreas consideradas sensíveis e importantes para o ecossistema, inclusive de recifes, que são berçários de vida marinha, como no caso do Parque Nacional de Fernando de Noronha e da reserva biológica do Atol das Rocas.

 

Ao menos 4 ações civis públicas já foram protocoladas na justiça nos estados de Pernambuco, Santa Catarina e Rio Grande do Norte, na tentativa de barrar o leilão.

 

Riscos ao meio ambiente

 

A possibilidade de exploração petroleira na região provocou reação de autoridades e especialistas de Pernambuco. Uma nota técnica do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) afirmou ser “temerária” a inclusão dessa área no leilão desta quinta.

 

“Considerando a propagação por longas distâncias de ondas sísmicas, a grande mobilidade de algumas espécies marinhas, a ação das correntes marítimas sobre a propagação do óleo e o histórico de invasão de espécies exóticas, associadas às atividades de exploração de petróleo e gás, toma-se temerária a inclusão dos blocos exploratórios da Bacia Potiguar”, disse o texto.

O governador de Pernambuco, Paulo Câmara (PSB), afirmou pelas redes sociais que não reconhecer as recomendações técnicas “é uma atitude temerária”.

 

“É preciso ter em vista os impactos que são gerados nessa fase, com significativa influência sobre a biodiversidade marinha. Principalmente quando uma das áreas escolhidas para a prospecção fica próxima ao Arquipélago de Fernando de Noronha, uma zona de proteção ambiental de importante significado para Pernambuco e para o Brasil”, disse o governador.

 

Do mesmo modo, estudo realizado pelo instituto Arayara revela que ao menos 33 cidades catarinenses seriam impactadas pelos impactos da exploração de petróleo no litoral de Santa Catarina.

 

Segundo a ANP, os blocos que não foram arrematados deverão ser incluídos na Oferta Permanente, que consiste na disponibilidade contínua de campos ofertados em licitações anteriores que não foram arrematados ou, então, que foram devolvidos à agência. “Os blocos não arrematados integrarão a Oferta Permanente, com exceção dos localizados além das 200 milhas, que dependem de autorização do CNPE”, afirmou Saboia.

 

O ministro Bento Albuquerque disse que “provavelmente” serão realizados mais dois leilões este ano, um relativo ao excedente da Cessão Onerosa, com campos de Sépia e Atapu, previsto para 17 de dezembro, e o terceiro leilão da Oferta Permanente "dependendo do interesse da indústria para que ele se realize".

 

Assim sendo, tivemos hoje uma grande vitória, mas a luta em defesa do mar do Brasil continua!


Informações G1 de O Globo e Instituto Arayara

Foto: Ricardo Moraes/Reuters 

 Dizy Ayala

Redatora, Blogueira, Revisora, Escritora, Vegana.
Defensora dos Animais e do Meio ambiente.
Comunicadora Formada em Publicidade e Propaganda -  
Universidade do Vale do Rio dos Sinos - Unisinos

Autora dos Livros:

Uma Escolha pela Vida - A Importância de Nossas Escolhas Diárias de Consumo & Veganismo em Rede - Conexões de um Movimento em Expansão

 

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