Foto: FAO / Hoang Dinh Nam
De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), em diversos países, 80% dos antibióticos produzidos no mundo são utilizados em animais de fazenda. E a maior parte é utilizada para estimular o crescimento em animais que não estão doentes.
Segundo a OMS, o uso excessivo e
indevido de antibióticos em animais e seres humanos tem gerado problemas de
imunidade a certos agentes infecciosos e a determinados tratamentos.
Alguns agentes que causam
infecções graves em humanos já desenvolveram resistência à maioria dos remédios
disponíveis e há poucas opções de alternativas em etapa de desenvolvimento para
uso clínico.
“A falta de antibióticos eficazes
é uma ameaça de segurança tão séria como um surto de uma doença súbita e
mortal”, afirma o diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus.
E acrescenta: “Uma ação forte e
sustentada em todos os setores é vital se quisermos reverter a maré da
resistência antimicrobiana e manter o mundo seguro”.
O diretor do Departamento de
Segurança Alimentar e Zoonoses da OMS, Kazuaki Miyagishima, enfatiza que estudos
científicos demonstram que o uso excessivo de antibióticos em animais pode
contribuir para o desenvolvimento de resistência a esses medicamentos.
A dimensão global do problema
ganhou um mapeamento inédito juntando pesquisas já feitas medindo a presença de
microrganismos resistentes em alimentos de origem animal em países de baixa e
média renda — e o Brasil aparece no grupo de lugares com situação preocupante.
Não quer dizer que o estudo considere o país como um todo, mas pontos que já
foram submetidos a pesquisas, como abatedouros de bois em cidades gaúchas ou em
uma fazenda produtora de leite e queijo em Goiás.
China
e Índia foram, segundo os autores do estudo publicado na revista Science,
"claramente" os lugares em que os maiores níveis de resistência foram
encontrados. Mas o Sul do Brasil, leste da Turquia, os arredores da Cidade do
México e Johanesburgo (África do Sul), entre outros, se destacaram também como hotspots, ou focos
de resistência microbiana em animais destinados à alimentação, principalmente
bovinos, porcos e frangos (com níveis elevados de P50, percentual acima de 50%
de amostras de microrganismos resistentes a determinados antibióticos). Apesar de essa prática ser comumente utilizada em todas as fazendas de produção, no mundo todo, podendo gerar seus efeitos em qualquer país.
As
maiores resistências observadas foram relacionadas a alguns dos antibióticos
mais usados na produção animal, como as tetraciclinas, sulfonamidas e
penicilinas. Entre aqueles importantes para tratamento também em humanos,
destacaram-se a resistência à ciprofloxacina e eritromicina.
Os autores reuniram
ainda dados que apontam para focos de resistência emergentes, ou seja, em que a
resistência dos microrganismos a antibióticos está crescendo. Aí, o Brasil
também aparece, tanto o Sul quanto o Centro-Oeste.
Após
ler o estudo, a pesquisadora brasileira Silvana Lima Gorniak, professora
titular da Faculdade de Medicina Veterinária da USP, liga o destaque ao Sul
justamente a uma maior criação de aves e suínos na região, animais para os
quais há maior uso de antimicrobianos com a finalidade de promover o
crescimento (entenda os diferentes usos de antibióticos veterinários e seus
impactos abaixo).
"Na
criação animal, há basicamente três tipos de uso de antimicrobianos. O primeiro
é o terapêutico, como ocorre com o ser humano. A segunda maneira é a
preventiva, como no desmame dos suínos — esse animal provavelmente vai passar
por estresse, vai ter uma imunossupressão (redução da atividade do sistema
imunológico), e ela pode levar à infecção por várias bactérias, então se faz
preventivamente o tratamento", explica Silvana Lima Gorniak, da USP.
"A terceira
maneira é a mais polêmica, a mais discutida na ciência, que é a administração
(de antimicrobianos) como melhorador de desempenho. Nesse caso, o animal não
tem nenhuma doença, provavelmente não vai ficar doente, e o antimicrobiano é
empregado com a finalidade de promover o crescimento. Não se sabe exatamente como,
mas o animal de fato cresce".
Ao
mesmo tempo, esta substância é colocada pela OMS no grupo mais crítico entre os
antibióticos que precisam urgentemente de substitutos — já que são o último
recurso para o tratamento de algumas doenças para as quais outros antibióticos
não funcionam mais, são amplamente usados na medicina humana e já se mostraram
altamente vulneráveis à resistência microbiana.
Fonte BBC
Nota
do Blog Ação:
O
uso de antibióticos força os animais tidos como de produção a seguirem
produzindo em um sistema completamente cruel. Ou seja, os adoecemos fisicamente
e os expomos ao estresse contínuo devido à exploração para consumo e depois temos,
como consequência, vetores de transmissão de doenças para humanos e menos
chance de tratá-las por conta da resistência à antibióticos gerada pelo consumo
desses animais.
Tão mais simples e seguro deixar os animais em
paz, dando preferência a uma alimentação à base de plantas, e afastando o risco
de doenças neles e em nós. Porém, basicamente, por ganância e gula se mantém um
sistema de explorar vidas sencientes e achar que, de alguma forma, teremos
controle sobre suas consequências para que o produto da morte seja “saudável” e
fonte de “alimento”.
Redatora, Blogueira, Revisora, Escritora, Vegana.
Universidade do Vale do Rio dos Sinos - Unisinos
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