O caso teve início há pouco mais
de uma semana, em Brotas (SP), quando um fazendeiro da pecuária de leite
desistiu da atividade por questões, meramente, financeiras, trocando a
atividade por produção de milho e soja para alimentar animais tidos como de
produção. O fato é que ele, simplesmente, abandonou seu rebanho, nada menos que
1000 búfalas, sentenciando os animais à morte, lenta e dolorosa.
Como o fazendeiro foi arrendando
a propriedade para o cultivo, acabou por encurralar as búfalas em um pequeno
espaço de terra, sem que as mesmas tivessem qualquer fonte de alimento ou água.
Com a apuração da polícia, presume-se que tal situação já perdura por quatro
meses!
Por conta de serem fêmeas
explorados para o leite e seus derivados, como o queijo de búfala, a maioria
delas está grávida, o que agrava ainda mais a terrível situação a que foram
submetidas.
Búfalas vieram a óbito com seus bebês
no ventre, outras deram à luz e não sobreviveram, bem como muitos dos filhotes.
Assim que tomaram conhecimento do
caso, um coletivo de protetores se organizou, junto ao grupo do Santuário Vale
da Rainha. Eles tiveram autorização judicial para adentrar na propriedade. Patrícia,
que junto ao esposo são os mantenedores do santuário, relatou que no primeiro
momento a cena era desoladora, com várias carcaças, odor pútrefo e evidências
do desespero dos animais, ao constatar as cascas das árvores arrancadas, como
uma tentativa de alimentação. Estava evidente que além de um crime contra os
direitos dos animais, também um crime ambiental estava ali configurado.
O proprietário da fazenda foi
preso no dia 11/11 e liberado após pagamento de fiança. Foi autuado por maus
tratos e irá responder por cada animal encontrado.
Foi, então, montado um hospital
de campanha para atender os animais, lhes prestando os primeiros socorros, para
evitar mais mortes em agonia. Porém, o fazendeiro proibiu, no último fim de
semana, a entrada dos protetores para prestar esse serviço voluntário para
salvar os animais. O que só foi revogado ao final deste domingo.
Hoje, com representação jurídica,
junto à OAB, na pessoa de Reynaldo Velloso, medidas cabíveis serão adotadas
para responsabilizar, criminalmente, o fazendeiro e auxiliar os protetores para
que possam dar seguimento ao trabalho de salvar vidas.
O caso tem gerado forte comoção
pela situação de total abandono e agonia a que essas búfalas foram submetidas,
em estado de prenhes.
Faço minhas as palavras de vários
protetores, inclusive Patrícia, que mesmo diante de toda dor que presenciou,
enfatizou que não se trata de demonizar o fazendeiro. Sim, ele tem de ser
responsabilizado pelo crime de negligência que cometeu, inclusive crime
ambiental. Muitos desses animais que morreram nem mesmo foram enterrados, pois
ali há um lençol freático para o qual há risco de contaminação.
Para além desse crime hediondo, é
fundamental que todos nós façamos uma revisão de consciência sobre nossas
escolhas. Qual o impacto que elas geram? Quanta dor e sofrimento geram a outras
vidas? Quanta degradação moral e ambiental a impactar o planeta?
O consumo de leite, queijo e
outros derivados financia esse sistema cruel que é a pecuária leiteira. Animais
são tratados como mercadoria e, quando não se tem mais interesse, são
descartados.
Nas prateleiras dos supermercados
estão os produtos dessa abjeta exploração e cabe a cada um de nós escolher
aqueles livres de crueldade, para que não sejamos cúmplices do fazendeiro.
Agradecemos a todos os protetores
que estão, com amor e coragem, cuidando desses animais.
A quem tocar o coração, peço que
compartilhe esse artigo para que o caso ganhe mais visibilidade.
Para seguir acompanhando, acesse @bufalas_de_brotas
Quem puder colaborar com qq valor, o PIX é 14732153/0001-38
Imagem do inquérito publicada por Reynaldo Velloso
Informações a partir do relato de ativistas e de Patrícia, mantenedora do Santuário Vale da Rainha.
ATUALIZAÇÃO: Presidente da ONG ARA, Alex Parente ficou como fiel depositário de todos os animais da Fazenda Água Sumida em Brotas, SP. Agora, cabe ao judiciário manter essa decisão.
Redatora, Blogueira, Revisora, Escritora, Vegana. Universidade do Vale do Rio dos Sinos - Unisinos |
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