Juntas,
as cinco maiores empresas de carne e laticínios do mundo já são responsáveis
por mais emissões de gases do efeito estufa do que as empresas petrolíferas
isoladas, como Exxon-Mobil, Shell ou BP, aponta estudo.
A
brasileira JBS e as quatro principais concorrentes já produzem mais gases do
efeito estufa do que Exxon ou Shell. Se o consumo de carne aumentar ainda mais,
a meta do Acordo de Paris está em risco. É o que afirma um estudo do Instituto
de Agricultura e Política Comercial (IATP) e da organização ambiental Grain, que
inclui a indústria de carne e laticínios entre os maiores responsáveis pelo
aquecimento global.
"O
relatório mostra o papel fundamental que essas empresas desempenham na mudança
climática", diz Shefali Sharma, diretora do IATP (Instituto para Política
Agrícola e Comercial).
Se
a indústria da carne não alterar seu curso e continuar a crescer como previsto,
sua participação nas emissões globais de gases de efeito estufa aumentará para
27% em 2030 e para quase 80% em 2050, avaliam os pesquisadores.
A
brasileira JBS, maior empresa de carnes do mundo, lidera a lista dos maiores
produtores de CO2 do estudo, seguida por três corporações americanas: Tyson
Foods, Cargill e Dairy Farmers. A maior empresa de laticínios da Alemanha, a
DMK, está na posição 21, e a empresa de carnes Tönnies – também alemã – está em
24º lugar.
Segundo
o estudo, as metas de crescimento da JBS estão em desacordo com o objetivo do
Acordo de Paris, de impedir que a temperatura média global suba mais de 2ºC. A
gigante brasileira afirmou a seus acionistas que o consumo de carne global
aumentará em 30%, de 37 quilos per capita anuais, em 1999, para 48 quilos de
carne por pessoa em 2030.
Estimativas
do Greenpeace apontam que o consumo mundial de carne mundial teria que cair
para 22 quilos anuais por pessoa até 2030 e até 16 quilos por pessoa até 2050
para impedir que as temperaturas mundiais subam para níveis perigosos.
A
Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO) também
alerta já há algum tempo para as consequências ambientais negativas do alto
consumo de carne e leite.
A
IATP e a Grain acusam as principais companhias do ramo de não se interessarem
pela proteção climática. A maioria das 35 maiores empresas de carne e laticínios
listadas não revela suas emissões de gases de efeito estufa ou o faz apenas de
forma parcial.
O
estudo argumenta que a emissão de gases nocivos ao clima que ocorre, por
exemplo, dentro da cadeia de fornecimento (correspondente por 80 a 90% das
emissões totais, segundo o estudo) é frequentemente excluída dos cálculos
dessas empresas.
Apenas
quatro companhias divulgam estimativas abrangentes de suas emissões: Nestlé
(Suíça), Danone (França), Friesland/Campina (Holanda) e NH Foods (Japão),
afirma o relatório.
Já
a JBS reporta que suas emissões anuais são equivalentes a 8,9 milhões de
toneladas de CO2, mas, considerando toda a cadeia de produção, a cifra real
seria 30 vezes maior: em torno de 280 milhões de toneladas, de acordo com os
pesquisadores.
As
emissões humanas de gases do efeito estufa devem ser drasticamente reduzidas
para que seja possível atingir a meta de aquecimento de 1,5ºC, estipulada no
Acordo de Paris.
"A
produção de carne e laticínios deve ser reduzida significativamente nos países
em que os 35 maiores gigantes da carne são particularmente ativos",
afirmou Devlin Kuyek, da Grain, se referindo aos países da União Europeia, EUA,
Canadá, Brasil, Argentina, Austrália, Nova Zelândia e China.
Matéria
da Deutsche Welle. A Deutsche Welle é emissora internacional da Alemanha e
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