Acredite, em uma
competição de pentatlo moderno, no hipismo, os atletas ganham vinte minutos
para se acostumar com um cavalo que nunca foi guiado por eles antes.
Nas Olimpíadas
2020, a forma como a equipe alemã reagiu para superar as dificuldades com Saint
Boy gerou diversos questionamentos acerca da modalidade no mundo todo.
Nota do Blog:
Contrariando todas as evidências de que o hipismo não representa um exercício
de superação do atleta, senão do cavalo, a federação deixa claro que pretende
manter a prova em competições. Isso, possivelmente, por contas de todo o
dinheiro envolvido nesse, considerado, “esporte de elite”, desde os criadores
de cavalos, cuidadores, equipes e “atletas”. Há muito dinheiro envolvido.
Afora, a ideia de uma falsa beleza plástica, sejamos sinceros que isso que deve
pesar, fundamentalmente, para manter o dito esporte em ação.
Digo falsa beleza
plástica, porque, ao contrário do que somos levados a enxergar como interação
cavalo/cavaleiro, o hipismo trata-se de uma competição onde o animal é
submetido com comandos e uso de arreios, a que ele é treinado desde sempre para
OBEDECER, ou seja, não se trata de um ato voluntário.
Aliás, basta um
olhar mais atento para perceber a baba, os dentes arreados, resultado da
resistência do animal aos comandos. O quanto balança a cabeça, puxando os
freios.
E mais, ao cavalo
não interessa ganhar medalhas e sim ter direito à vida digna e liberdade. O
hipismo, nesse sentido, por si só, já não pode ser considerado esporte, pois o
cavalo não decide participar da prova, não está ali por vontade própria.
No caso do
pentatlo, em que nem mesmo a um treinamento prévio do cavalo com determinado
cavaleiro, é ainda mais absurdo. Considero um verdadeiro rodeio “de elite”. O
animal fica à disposição de uma equipe aleatória, definida no momento da prova,
como se fosse montaria de peão de boiadeiro.
Queremos assistir a
Jogos Olímpicos em que a superação seja do atleta humano para com seus próprios
limites físicos e psicológicos, sem o uso e exploração animal.
O caso: Nas
Olimpíadas de Tóquio, Saint Boy era guiado pela amazona Annika Schleu, que
liderava a competição. Diante da recusa do animal em saltar, a treinadora Kim
Raisner foi flagrada dando um golpe no animal. Por conta disso, foi expulsa pela
União Internacional de Pentatlo Moderno (UIPM), que anunciou que está formando
um grupo de trabalho para revisar a etapa equestre da modalidade.
A fim de fortalecer
a proteção e o bem-estar dos cavalos, a UIPM pretende realizar alterações em
seu código de ética. A entidade, também, revelou que fará uma revisão
abrangente da prova realizada nos Jogos Olímpicos.
Um Painel
Disciplinar deve ser determinado para rever o ocorrido na prova feminina em
Tóquio, de acordo com a UIPM. A entidade, também, informou que conversou com os
donos de Saint Boy e que o cavalo retornou para a cidade de Shiga, no Japão,
com "boa saúde, embora cansado da competição".
- A UIPM continua
totalmente comprometida com a equitação como parte integrante do Pentatlo
Moderno, com base na visão do Barão Pierre de Coubertin (criador dos Jogos
Olímpicos). Nosso sindicato já adaptou o Pentatlo Moderno de muitas maneiras
inovadoras com base em conselhos e feedbacks de especialistas de dentro e de
fora de nossa comunidade esportiva global - disse o presidente da entidade,
Klaus Schormann
Ele, também,
antecipou que se reunirá com o presidente da Federação Equestre Internacional
(FEI), Ingmar de Vos, para implementar adequações ao novo formato de pentatlo
moderno de 90 minutos, com a introdução de obstáculos mais baixos e permitindo
menos saltos durante o percurso.
Bem-estar animal em
foco
O próximo congresso
internacional, a ser realizado de maneira virtual entre os dias 26 e 28 de
novembro, irá debater a questão do bem-estar animal e ouvir recomendações sobre
as medidas a serem tomadas. Módulos dedicados ao bem-estar animal, também,
serão adicionados ao Programa de Certificação de Treinadores e ao Programa de
Certificação de Juízes da UIPM.
ONG pede exclusão
do hipismo das Olimpíadas
Diante de diversas
recusas de cavalos em saltar e acidentes já ocorridos em outros eventos,
ativistas de diversos países buscam uma mudança concreta na modalidade. A ONG
People for the Ethical Treatment of Animals (PETA), por exemplo, foi mais além
e pediu que todas as competições equestres fossem removidas do programa
olímpico.
Ainda nas
Olimpíadas de Tóquio, a brasileira Ieda Guimarães chamou a atenção ao sofrer um
tombo durante a prova de hipismo. Já o cavalo suíço Jet Set, montado por Robin
Godel foi sacrificado após sofrer lesão em prova de Hipismo CCE. O animal, que
já tinha 14 anos de idade, se lesionou no último obstáculo aquático da prova, o
que o deixou manco.
Com efeito, os
casos expostos diante das câmeras expõem apenas um pequeno flash do que ocorre
nos bastidores. Tendo em vista que o preparo para as provas é diário e a
sujeição também.
Redatora, Blogueira, Revisora, Escritora, Vegana. Universidade do Vale do Rio dos Sinos - Unisinos |
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