segunda-feira, 16 de agosto de 2021

Abuso com cavalo nas Olimpíadas gera revisão do hipismo no pentatlo moderno

  


Acredite, em uma competição de pentatlo moderno, no hipismo, os atletas ganham vinte minutos para se acostumar com um cavalo que nunca foi guiado por eles antes.

 

Nas Olimpíadas 2020, a forma como a equipe alemã reagiu para superar as dificuldades com Saint Boy gerou diversos questionamentos acerca da modalidade no mundo todo.

 

Nota do Blog: Contrariando todas as evidências de que o hipismo não representa um exercício de superação do atleta, senão do cavalo, a federação deixa claro que pretende manter a prova em competições. Isso, possivelmente, por contas de todo o dinheiro envolvido nesse, considerado, “esporte de elite”, desde os criadores de cavalos, cuidadores, equipes e “atletas”. Há muito dinheiro envolvido. Afora, a ideia de uma falsa beleza plástica, sejamos sinceros que isso que deve pesar, fundamentalmente, para manter o dito esporte em ação.

 

Digo falsa beleza plástica, porque, ao contrário do que somos levados a enxergar como interação cavalo/cavaleiro, o hipismo trata-se de uma competição onde o animal é submetido com comandos e uso de arreios, a que ele é treinado desde sempre para OBEDECER, ou seja, não se trata de um ato voluntário.

 

Aliás, basta um olhar mais atento para perceber a baba, os dentes arreados, resultado da resistência do animal aos comandos. O quanto balança a cabeça, puxando os freios.

 

E mais, ao cavalo não interessa ganhar medalhas e sim ter direito à vida digna e liberdade. O hipismo, nesse sentido, por si só, já não pode ser considerado esporte, pois o cavalo não decide participar da prova, não está ali por vontade própria.

 

No caso do pentatlo, em que nem mesmo a um treinamento prévio do cavalo com determinado cavaleiro, é ainda mais absurdo. Considero um verdadeiro rodeio “de elite”. O animal fica à disposição de uma equipe aleatória, definida no momento da prova, como se fosse montaria de peão de boiadeiro.

 

Queremos assistir a Jogos Olímpicos em que a superação seja do atleta humano para com seus próprios limites físicos e psicológicos, sem o uso e exploração animal.

 

O caso: Nas Olimpíadas de Tóquio, Saint Boy era guiado pela amazona Annika Schleu, que liderava a competição. Diante da recusa do animal em saltar, a treinadora Kim Raisner foi flagrada dando um golpe no animal. Por conta disso, foi expulsa pela União Internacional de Pentatlo Moderno (UIPM), que anunciou que está formando um grupo de trabalho para revisar a etapa equestre da modalidade.

 

A fim de fortalecer a proteção e o bem-estar dos cavalos, a UIPM pretende realizar alterações em seu código de ética. A entidade, também, revelou que fará uma revisão abrangente da prova realizada nos Jogos Olímpicos.

 

Um Painel Disciplinar deve ser determinado para rever o ocorrido na prova feminina em Tóquio, de acordo com a UIPM. A entidade, também, informou que conversou com os donos de Saint Boy e que o cavalo retornou para a cidade de Shiga, no Japão, com "boa saúde, embora cansado da competição".

 

- A UIPM continua totalmente comprometida com a equitação como parte integrante do Pentatlo Moderno, com base na visão do Barão Pierre de Coubertin (criador dos Jogos Olímpicos). Nosso sindicato já adaptou o Pentatlo Moderno de muitas maneiras inovadoras com base em conselhos e feedbacks de especialistas de dentro e de fora de nossa comunidade esportiva global - disse o presidente da entidade, Klaus Schormann

 

Ele, também, antecipou que se reunirá com o presidente da Federação Equestre Internacional (FEI), Ingmar de Vos, para implementar adequações ao novo formato de pentatlo moderno de 90 minutos, com a introdução de obstáculos mais baixos e permitindo menos saltos durante o percurso.

 

Bem-estar animal em foco

 

O próximo congresso internacional, a ser realizado de maneira virtual entre os dias 26 e 28 de novembro, irá debater a questão do bem-estar animal e ouvir recomendações sobre as medidas a serem tomadas. Módulos dedicados ao bem-estar animal, também, serão adicionados ao Programa de Certificação de Treinadores e ao Programa de Certificação de Juízes da UIPM.

 

ONG pede exclusão do hipismo das Olimpíadas

 

Diante de diversas recusas de cavalos em saltar e acidentes já ocorridos em outros eventos, ativistas de diversos países buscam uma mudança concreta na modalidade. A ONG People for the Ethical Treatment of Animals (PETA), por exemplo, foi mais além e pediu que todas as competições equestres fossem removidas do programa olímpico.

 

Ainda nas Olimpíadas de Tóquio, a brasileira Ieda Guimarães chamou a atenção ao sofrer um tombo durante a prova de hipismo. Já o cavalo suíço Jet Set, montado por Robin Godel foi sacrificado após sofrer lesão em prova de Hipismo CCE. O animal, que já tinha 14 anos de idade, se lesionou no último obstáculo aquático da prova, o que o deixou manco.

Cavalo Jet Set competindo nas Olimpíadas de Tóquio 
Foto: Leon Neal/Getty Images

Com efeito, os casos expostos diante das câmeras expõem apenas um pequeno flash do que ocorre nos bastidores. Tendo em vista que o preparo para as provas é diário e a sujeição também.


Dizy Ayala

Redatora, Blogueira, Revisora, Escritora, Vegana.
Defensora dos Animais e do Meio ambiente.
Comunicadora Formada em Publicidade e Propaganda -  
Universidade do Vale do Rio dos Sinos - Unisinos

Autora dos Livros:

Uma Escolha pela Vida - A Importância de Nossas Escolhas Diárias de Consumo & Veganismo em Rede - Conexões de um Movimento em Expansão

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