Marcos Leta, fundador da Fazenda Futuro, revela que startup vai cruzar o Atlântico para suprir demanda do velho
continente.
Matéria do Whow! por Raphael
Coraccini
O projeto da Fazenda Futuro começou
no final de 2016, depois de Marcos Leta e Alfredo
Strechinsky venderem a Do Bem, marca de
sucos, para a Ambev. “Começamos a olhar outros mercados e
chegamos a um consenso sobre entrar em um em que a gente já tem experiência e
capacidade para inovar, e modificar realmente esse mercado. Chegamos na maior
categoria de alimentos do mundo, a de carnes, com a finalidade de reduzir
impactos ambientais e o número de animais abatidos”, conta Marcos ao Whow!.
A empresa começou a operar, de fato, em maio de 2019, com sua carne vegetal pronta e também um plano estruturado
para chegar às grandes contas. O diferencial dos empreendedores foi a entrada
que tinham no setor de alimentos, depois de dez
anos à frente da Do Bem.
Os dois primeiros clientes da foodtech foram
no ramo de restaurantes. As redes Lanchonete da Cidade, em São Paulo, e TT
Burger, no Rio de Janeiro, foram as primeiras a venderem o hambúrguer vegetal, em maio do ano passado. Em seguida,
veio o varejo de alimentos com o GPA, dono do Pão de Açúcar.
Marcos destaca que a adesão de grandes redes têm a ver com o aumento,
ainda gradual, da demanda, que sucede uma mudança de paradigmas em relação à
alimentação no mundo, com substituição da proteína animal, seja a carne ou os
derivados de leite e ovos.
“Na Fazenda Futuro, a gente fala que a
nossa carne é para todo mundo, e, por isso, a gente imita textura e gosto da
carne animal. Nosso público é a pessoa que come carne, mas quer reduzir, além
dos veganos e vegetarianos, que pararam de comer carne não pelo sabor ou
textura, mas porque não compactuavam com o sacrifício de animais”, destaca.
O desafio é se aproximar, cada vez
mais, do sabor da carne animal para que a substituição seja natural. Segundo Marcos, a empresa nasceu pra
concorrer com os frigoríficos. Ele avalia que por mais que os frigoríficos
trabalhem para criar suas próprias linhas de carne vegetal, haverá uma barreira
imposta pelo consumidor.
“O que está
acontecendo no mundo é que todos os frigoríficos que tentaram entrar (no
segmento de carne vegetal) não funcionaram porque o consumidor acaba vendo que
é muito mais uma extensão de linha do que mudança de propósito, de tentativa de
reduzir o consumo de carne animal”.
Para o empreendedor, o Brasil tem potencial para ser um
player global na produção e venda de carne vegetal, aproveitando a entrada no
mercado mundial da proteína animal brasileira. Ele avalia também que o
desenvolvimento de tecnologias para transformar vegetais em alimentos
semelhantes à carne tem potencial de melhorar a qualidade dos vegetais vendidos
em sua forma natural.
A Fazenda Futuro está estendendo suas vendas para outros países pelo
mundo. Na América Latina, Uruguai e Chile já começaram a receber os
produtos da marca. O México também começará a comprar carne vegetal da startup
brasileira.
Desde março, as vendas da empresa também começaram na Europa.
A Holanda é o primeiro país do continente a comprar carne vegetal nacional.
Marcos afirma que, apesar de a cultura europeia já ser mais familiarizada a
novas ofertas de carne, o produto local ainda não é excelente a ponto de fechar
a entrada para produtos externos. É onde a empresa espera avançar.
“O consumo da Holanda de carne vegetal
é basicamente o consumo no Brasil inteiro, levando em conta as diferenças de
tamanho de um país para outro”, afirma o executivo, citando estudo encomendado
pela startup.
Polêmicas com o termo “carne”
A União Europeia levantou questões
relacionadas à legalidade de empresas como a Fazenda Futuro usar o termo
“carne” para definir produtos alimentares que não são oriundos do abate de
animais. Para o fundador da Fazenda Futuro, são os consumidores que definem
como o produto será chamado. “O que temos que evoluir é talvez mudar o
significado do termo no dicionário”, sugere.
“As pessoas não vão deixar de usar o
termo em uma hamburgueria só porque trata-se de um produto de origem vegetal.
Acho isso uma involução em relação ao que a sociedade está querendo. Discutir
isso só vai gerar mais curiosidade nos consumidores sobre a carne vegetal”. E, segundo o empreendedor, essa curiosidade já é presente e tem
impulsionado os números.
Ele afirma que, em uma das maiores
redes de varejo supermercadista do Brasil, 25% do marketshare de carnes é da
Fazenda Futuro. Mas que o trabalho de convencimento sobre os benefícios e
prazeres da carne vegetal ainda tem um caminho para ser percorrido.
“O grande
trabalho é basicamente ter um plano comercial bem montado e rápido para chegar
em pontos de venda variados no Brasil e colocar essa carne do lado da carne
animal porque acaba gerando mais experimentação e curiosidade”, conclui.
Além da carne tradicional, a carne
vegetal tem outra concorrente no mercado: a carne cultivada, ou carne de
laboratório, que tem sido desenvolvida com o clone de células animais,
reproduzindo o sabor da carne animal sem precisar de abate nem da
transfiguração de vegetais em carne. A batalha da carne do futuro está lançada.
Redatora, Blogueira, Revisora, Escritora, Vegana.
Universidade do Vale do Rio dos Sinos - Unisinos
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