quinta-feira, 8 de março de 2018

La Femme Fatale – A Exploração do Gênero


La Femme Fatale – A Exploração do Gênero

Por Dizy Ayala

Como um dia foram as mulheres e crianças a mão de obra mais barata, a realizar as mesmas tarefas dos homens, em uma jornada exaustiva de 16 horas diárias, ainda hoje lutam por igualdade de direitos. E são as fêmeas as mais exploradas pelos meios de produção. Também as fêmeas de outras espécies sempre foram vistas como mais produtivas, pois podem gerar filhos e com isso render mais lucro a seus exploradores. A exploração absurda e brutal de gerar filhos forçadamente para então separá-los de suas mães para que o “produto” cobiçado possa ser explorado.

E é assim com todas elas, ao longo da cadeia produtiva. Seus corpos são manipulados de maneira a produzir mais e mais. Descartam os machos, a exceção daqueles que se tornam escravos sexuais para gerar as sementes para a reprodução, enquanto elas, cativas, serão o depositário para gerar o inescrupuloso lucro da exploração.

Por trás do caráter simbólico da vaca sagrada, na realidade, a proteção dada às vacas indianas refere-se à proteção de uma cadeia de utilidades a que as tais vacas representam economicamente, conforme aponta Marvin Harris.  É a legalização do estupro, da violência doméstica e assassinato. Toda uma realidade difícil de encarar, ignorada por muitos, mas são mães e filhos que seguem para o matadouro todos os dias.

Assim como lutam por seus direitos legítimos de igualdade, muitas mulheres e homens esclarecidos, despertos e compassivos, têm expandido sua compreensão de que o movimento feminista compreende todas as espécies e que o abuso às fêmeas animais cria um padrão de comportamento na sociedade, onde ainda testemunhamos tanta violência às mulheres humanas, ainda vistas, muitas vezes, como objeto.  Sistemas alimentares acabam por exercer um papel fundamental na reprodução de desigualdades de classe, raça e etnia, gênero, sexualidade e idade, entre muitos outros, conforme exposto por pesquisadores como FLANNERY e MICYNTE no artigo Food as Power. 

Tais observações permitem um entendimento do poder exercido através de sujeitos, objetos, instituições e discursos onde desigualdades econômicas globais são reproduzidas através desses sistemas. Desse modo, as desigualdades estão profundamente presentes no tecido social, em suas práticas e na produção de significados simbólicos. E a cultura atua não só como uma parte destes meios de dominação e exploração, mas como veículo de reprodução e experiência desses meios. 

O ecofeminismo de estudiosas como Marti Kheel, Lori Gruen, Greta Gaard, Josephine Donovan, Ynestra King, Barbara Noske e Karen Warren,  começava a identificar, a partir dos anos 70, a relação entre a opressão de mulheres e animais. O movimento trouxe à tona a estreita relação entre a submissão e exploração da natureza, das mulheres e dos povos estrangeiros.

Na perspectiva do veganismo, "animais não existem para serem explorados pelos humanos, assim como o negro não existe para servir o branco, nem a mulher para o homem", conforme declarou Alice Walker, escritora estado-unidense, autora do livro A Cor Púrpura, e ativista feminista. Dessa forma, é possível perceber uma analogia entre especismo, racismo, sexismo e outras formas de preconceito e discriminação.

“Em nossas relações com o reino animal surge um dever que todas as mentes pensantes e compassivas deveriam reconhecer: o de que, como somos mais fortes mentalmente que os animais, deveríamos ser seus guardiões e ajudar-lhes, não ser seus tiranos e opressores. Não temos o direito de causar-lhes sofrimento e terror só para a gratificação do paladar, um luxo a mais em nossa vida”. Annie Besant, humanista do séc. XVIII, ativista pelos direitos das mulheres, presidente da Sociedade teosófica.



Dizy Ayala

Blogueira, Revisora, Escritora, 
Vegana.
Formanda em Publicidade e Propaganda -  
Universidade do Vale do Rio dos Sinos - Unisinos
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2 comentários:

  1. Dizy,

    Infelizmente a humanidade acredita que os animais estão aí para servir...
    Falta respeito. Falta consideração pela vida alheia.

    Criei um blog para vender algumas coisas que tenho aqui em casa, mas que não uso mais. Se quiser conhecer:
    Vendas Diversas 2018

    Um bom final de semana!

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  2. Grata por seu comentário.
    Cabe a cada um de nós contribuir dentro do que está ao seu alcance para mudar toda forma de discriminação, seja ela com humanos ou animais.

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