Vaca sagrada?
Investigação revela a crueldade nas fazendas de laticínios na Índia.
Investigação revela a crueldade nas fazendas de laticínios na Índia.
Por Dizy Ayala
Investigação feita pela organização de proteção animal Pune Animal Equalite, ao longo de dois anos, revela a crueldade contida em um copo de leite.
Foram registrados o manejo feito por homens
sem preparo técnico, usando equipamentos não esterilizados nos processos de
inseminação (que é quando fecundam as vacas forçadamente através da introdução
de cilindros em seus genitais). Também casos recorrentes de espancamento de
animais, com varas e correntes, e bezerros afastados das vacas com apenas dias
de nascimento. Nada de incomum para a terrível realidade da indústria do leite
em todo mundo.
Aproximadamente 107 fazendas, dois centros de
coleta de sêmen, 11 mercados de bois e vacas, oito matadouros, sete mercados de
carne e cinco curtumes em Haryana, Punjab, Telangana, Kerala, Tamil Nadu,
Karnataka, Uttar Pradesh, Gujarat e Maharashtra foram investigados.
As práticas nestes locais violam
a Lei de Prevenção de Crueldade contra Animais (PCA), de 1960, as Regras de
Transporte, de 1978, as Regras do Matadouro, de 2001, e diversas ordens do
Supremo Tribunal.
O que chama a atenção é que tais práticas na
Índia, como em qualquer outro país, estão na contramão do mercado, tendo em
vista a queda acentuada no consumo de leite e seus derivados. Sem contar que a
cultura deste país é mundialmente conhecida por considerar a vaca como sendo
sagrada, portanto digna de cuidados especiais. Esta é a questão chave a ser
refletida quanto à exploração animal, seja em que lugar e de que forma for.
Não há bem estarismo na exploração de
animais, somente práticas menos ou mais cruéis. O fato é que sempre haverá
dano. E é sabido, hoje em dia, que a fantasia da fazendinha feliz não existe. “Eles são torturados diariamente. Na natureza, o
gado pode viver até 20 anos. Essas práticas cruéis fazem com que seus corpos se
deteriorem em apenas quatro anos”, declarou Amruta Ubale, diretora executiva da
Animal Equality.
De acordo com o departamento de pecuária,
laticínios e pesca, a Índia possui 327 milhões de bois e vacas, o maior número
do mundo. De acordo com o Hindustan Times, o governo fez um investimento para
atender uma demanda nacional de 150 milhões de toneladas de leite de 2016 e
2017, e pretende aumentar para 210 milhões de toneladas até 2021.
Segundo a matéria, um funcionário do alto escalão
do Ministério do Meio Ambiente Sindical disse que as diretrizes são
estabelecidas pela Lei de Prevenção de Crueldade contra Animais, de 1960, mas o
departamento de pecuária é que faz o monitoramento. Um absurdo. Tendo em vista
que para a indústria interessa apenas o lucro.
Para que o leite possa servir aos humanos, vaca
e bezerro são apartados e o bezerro costuma ser descartado (deixado pra morrer)
ainda bebê. Em fazendas leiteiras, ou segue para a produção do baby beef ou,
como novilho, vive por no máximo seis meses para então ser morto. A vaca será
explorada por volta de quatro anos, até que siga para o abate para consumo de
carne e couro. Portanto, não há consumo de leite e seus derivados (queijo,
iogurte, milkshake) de origem animal, sem sofrimento e morte.
Por conta de um número crescente de pessoas que optam por
produtos de origem vegetal, seja pela consciência animal, questões alimentares ou intolerância, uma vez
que esses produtos estão carregados de insumos (hormônios e antibióticos)
nocivos à saúde, sendo a razão de várias doenças, há várias opções no mercado de
leites, iogurtes e queijo vegetais. Não seja cúmplice da crueldade. Você pode também
preparar em casa. Confira no link http://acaopelosdireitosdosanimais.blogspot.com.br/search?q=leites+vegetais
Sua saúde e as vaquinhas agradecem!
Matéria editada, com considerações próprias da redatora, a partir de
informações publicadas pela ANDA (Agência Nacional de Direitos Animais) da
matéria original publicada por Hindustan Times.
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