sexta-feira, 8 de agosto de 2014

O Tigre e o Menino A Relação com a Natureza


O Tigre e o Menino
A Relação com a Natureza
Dizy Ayala
08 de agosto de 2014

Na última semana se falou muito do caso do menino que esteve em um zoológico, acompanhado do pai e irmão e após atiçar um tigre, correndo de um lado a outro da lateral da jaula, em local proibido a visitantes e até mesmo oferecer ossinhos de galinha ao animal, colocando o braço por dentro da grade, teve seu braço arrancado pelo tigre. Triste história de dor e sofrimento para o menino que teve seu braço amputado, sem possibilidade de reconstrução, para seus familiares e para o animal que imediatamente foi isolado, onde se cogitou a hipótese de sentencia-lo à morte e que mesmo agora, depois de absolvido, ainda permanece cativo em prisão perpétua no zoo, pelo simples fato de existir.

Foi grande a repercussão e discussão sobre a responsabilidade do pai do menino, tendo em vista que ele era o responsável pela segurança dele e pelo que consta presenciou toda sua movimentação, sem intervir, pelo menos não de maneira efetiva, para afastá-lo das grades e do perigo iminente de ser atacado. E que do ponto de vista do tigre foi uma reação natural ao estímulo e não um ataque. Por certo que esse pai não pretendia que seu filho se ferisse, porém não teve qualquer discernimento na sua atitude naquele dia.
Diante de situações trágicas como essa, há sim como se retirar importantes e necessárias reflexões. Definitivamente, se faz necessário perceber qual o tipo de convívio com a natureza que a sociedade propõe para suas crianças. Sim porque esse foi um dos argumentos do pai, para a escolha do local do passeio, “ele adora animais”.

A natureza é soberana e tem sido desafiada pelos homens, que chegaram por último por aqui. Perdeu-se a relação de respeito, a noção de limite e qualquer recurso ou qualquer outra espécie é considerada ao dispor da raça humana, sem qualquer tipo de escrúpulo ou bom senso. Espécies selvagens como o tigre, tão belos e imponentes, estão cativos em jaulas para que possam ser expostos diante dos olhos curiosos dos humanos. E por aqueles poucos instantes, são condenados a viver uma vida inteira de prisão.


Quando estão livres, em seu habitat natural, como em países da África, têm sido gerados em cativeiro, com auxílio da engenharia genética, para produzir maior quantidade de animais e mais dóceis, pois são privados de suas relações parentais e quando atingem a juventude são liberados para o campo aberto para que sejam caçados. Sim eles foram concebidos para serem abatidos! E para quê? Para que pessoas estúpidas se sintam valorosas por expor os corpos já sem vida, como troféus?! Fazem esses safaris levando suas famílias e incluindo também as crianças nessa prática vil, de segurar fuzis maiores que sua própria estatura para retirar a vida de um ser vivo. Costumo dizer que o pai e a mãe que promovem tal prática, cometem um duplo delito, eles matam o animal e também a infância de seus filhos, retirando sua humanidade e lhe passando uma total inversão de valores sobre com se relacionar com a vida em si.

Mesmo sabendo de tudo isso, ainda foi possível me surpreender, quando há poucos dias, chegou até mim, um pedido internacional de petição, que pela pressa do dia-a-dia, repassei sem traduzir e que pela foto, me pareceu se tratar de uma fábrica de peles da China. Sim porque a vaidade humana é capaz de conceber que a exuberância da pele de um animal pode lhe ser arrancada para vestir o corpo de uma pessoa indecente. Amo felinos e suas cores e traçados ímpares, dignos do capricho dos deuses, porém, foi dada a capacidade criativa do homem para que pudesse reproduzi-las em material sintético e jamais tomar para si o que não lhe pertence!


Para minha surpresa, após o retorno de um dos contatos a quem remeti a petição, recebi um texto que trazia os detalhes da tal “fábrica de tigres”. Pois retiram sim a pele do animal e de sua carcaça lhe retiram os ossos para fazer vinho!  

A pequenez desses humanos, os que produzem e os que consomem, se traduz nessa imagem, reduzir um animal magnífico, a pequenos ossos, para fazer disso uma bebida?!

Somam-se a essa, as fúteis e abjetas práticas de retirar o marfim dos soberanos elefantes, a bile dos ursos, mantidos vivos por décadas, para diariamente terem seu corpo violado, para produção de cosméticos e o caso do bichinho da Amazônia que de tão seletivo quanto aos grãos de café, hoje também é mantido em cativeiro para ser alimentado constantemente, não há mais a seleção natural, seu nível de produção das fezes, é totalmente induzido e mais uma espécie tem uma vida degradante no cárcere para a degustação do paladar exótico e cruel ou pelo menos desavisado de alguns, pq para muitos ainda é vendido o produto como da floresta amazônica!

No que diz respeito ao filme As Aventuras de PI, temos um menino indiano, que também em circunstâncias trágicas, ele perde sua família em acidente de navio, vive uma experiência fantástica, como náufrago, em companhia de um tigre selvagem. É explícita a relação de perigo, mas também de respeito de Pi diante daquela inusitada situação. Os dois, menino e o tigre mantém uma distância segura e coabitam em várias diferentes circunstâncias. Lutam por sua sobrevivência e Pi, na condição de humano é que em vários momentos de profunda humildade resignação, inclusive diante do Criador, e outras inventivo, determinado, conduz o pequeno barco para a possibilidade do resgate.




Creio sim, que é essa relação de respeito e humildade que tem se perdido para boa parte da humanidade e isso é doloroso porque colhemos o que plantamos e se semeamos dor colhemos sofrimento. É triste ver quantas crianças pagam pelo mal difundido pelos adultos. Sim porque crianças e animais são equivalentes em inocência. A corrupção do que é natural, a ordem natural das coisas é sempre da sociedade, do status quo, aquela denominação indeterminada e inespecífica, de propósito para que a gente não se enxergue ali. É assim porque sempre foi assim! Todo mundo faz assim! Só que esse todo mundo é feito pela participação de cada um, em particular. Cada um pode sim fazer diferente, não para ir contra ninguém, mas para ir a favor da vida e do que é digno. Poder passar verdadeiramente esses valores para as gerações futuras para que haja um futuro próspero e mais promissor no horizonte!

Se ainda estamos aflitos, fazendo a travessia do barco à revelia, um tanto perdidos diante do mar aberto, que sejamos guiados por bons princípios, movidos pela compaixão por toda criação! A passagem mais marcante para mim, no filme, é quando já esgotado pelo sol inclemente, as noites de tempestade sem dormir, a fome e a sede, Pi está prestes a encontrar a morte, quando em alto mar surge uma “revoada” de peixes, eles estão a se a se arremessar contra ele que está no meio do caminho e quando fica um peixe retido no barco a se debater, também o menino, se debate diante da tragédia e ora, pedindo perdão por fazer do peixe seu alimento! E chora enquanto o devora, assim, mais como animal do que humano. Sim os animais devoram por instinto e são cativos de uma cadeia alimentar, aos humanos foi dado o raciocínio e o arbítrio de discernir sobre suas escolhas.

E essa verdade mais de que um fardo, é uma libertação, podemos nos libertar da violência, agora mesmo, deixar de ser cúmplices do cárcere, maus-tratos e morte infligido a tantos irmãos animais. É hora de se questionar e mudar!






Dizy Ayala
Ação pelos Direitos dos Animais 




Defensora e Ativista dos Direitos dos Animais,
Formanda em Publicidade e Propaganda
Blogueira, Vegana.
Grupo Ação pelos Direitos dos Animais  no facebook
dizyayala@gmail.com

4 comentários:

  1. Mais um texto primorosamente reflexivo! Bênçãos, Dizy!

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Agradeço mais uma vez o incentivo e desejo profundamente que as bençãos se estendam a todos os puros de coração e que as boas ações se multipliquem!

      Excluir
  2. Olá,sou Rosangela, estou no dispositivo do meu esposo, e vim comentar, pois adorei seu post é muito bom e interessante,sou vegetariana não como carne,não consumo os derivados dos animais, em breve serei vegana, não sou vegana ainda porque onde moro não tem como ser, moro em interior aqui tudo é testado em animais infelizmente😞. Mas, acredito que em breve sairei desse interior pacato...parabéns pelo post👏👏👏👏👏👏👏👏👏👏👏❤😘😘

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Grata por seu comentário querida Rosangela e também por sua consciência e compaixão pelos animais. Morar no interior tem suas compensações. Estar mais próximo da natureza. Fazemos o que está ao nosso alcance. Talvez pudesse fazer compras eventuais em uma grande cidade ou pela internet. Ou como você disse estar mais próxima dos grandes centros. Boa sorte! Abraço afetuoso.❤

      Excluir