sexta-feira, 10 de novembro de 2023

Fora dos comunicados oficiais, inúmeros animais são vitimados por bombardeios e fome na guerra Israel-Hamas

 


Foto: Eye On Palestine

 

Jumentos, cavalos vacas, ovelhas, cabras, galinhas, cães, gatos e outros animais, mortos ou feridos em Israel ou na Faixa de Gaza, não fazem parte da contabilidade das vítimas, atualizadas, diariamente, pelos porta-vozes dos dois lados do conflito, e, raramente, recebem proteção e assistência.

O bárbaro ataque terrorista do Hamas em Israel, no dia 07 de outubro, e os terríveis e incessantes bombardeios, que se seguiram, por parte de Israel, em Gaza, deixaram mais de 1.000 mortos e cerca de 200 reféns, em Israel, e mais de 10mil mortos em Gaza, sendo 40% desses, crianças.

Não há dados oficiais sobre os animais mortos e feridos no conflito.

Nos kibutz israelenses, de acordo com o site Ynetnews, os terroristas mataram não só agricultores como, também, abateram algumas vacas e animais domésticos. Foram cinco fazendas incendiadas.

Em Gaza, há uma grande população de jegues que são muito utilizados como veículos de carga e tração. Com a falta de combustível, viraram meio de transporte também. Muitos foram mortos e feridos nos bombardeios, assim como cães e gatos de rua.

Vários rebanhos de ovinos e caprinos acompanham palestinos, em trânsito pelas estradas de Gaza, que tentam sobreviver aos bombardeios e sofrem restrições de água, comida e medicamentos.

“As ruas de Gaza ainda estão cheias de gatos que não têm abrigo contra as bombas e, por causa desta crise, têm mais dificuldades em encontrar comida”, alerta um post da Sulala Animal Rescue nas redes sociais.

A Sociedade Sulala é a única entidade protetora de animais na Faixa de Gaza, que conta com um abrigo para cães e gatos e que faz resgates no território. Criada em 2006 por Saeed Al Err e sua esposa Sally, eles mudaram-se para um local, relativamente, seguro, com cerca de 400 cães e 130 gatos, pouco depois da ordem de Israel para a evacuação dos palestinos para o sul de Gaza.

O casal e seus colaboradores não têm medido esforços e feito um trabalho heroico para amparar tantos animais à mercê dos atentados e da fome. Cabe destacar, a ação do grupo para levar alimento a todos os animais que encontram pelo caminho. Cavalos e jumentos estão duramente impactados e muito debilitados, uma vez que tem sido usados como tração para carroças nos deslocamentos de famílias inteiras.

A Sulala tem levado alimentos para esses e outros animais. Resgates também foram feitos, particularmente, de filhotes de cães e gatos.

A Sulala, como entidade não governamental, sobrevive de donativos e é possível doar por paypal através de seu perfil no Instagram @sulalaanimalrescue

A Animals Australia também está recebendo doações para destinar à Sumala, através do seu perfil @animalsaustralia

 

De acordo com o articulista Bruno Blecher, ao longo da história, os animais selvagens e domésticos são alvo de abusos, ferimentos ou morte em conflitos armados.

 

Guerra e meio ambiente

Lançada em 2018, com o objetivo principal de aumentar a consciência e a compreensão das consequências ambientais e humanitárias, derivadas de conflitos e atividades militares, a organização Conflict and Environment Observatory (Observatório de Conflitos e meio Ambiente, em tradução livre) relata danos aos animais nas guerras.

No artigo: “Como os animais são prejudicados por conflitos armados e atividades militares”, Janice Cox e Jackson Zee trazem informações importantes sobre os principais conflitos da história.

Janice Cox milita há 30 anos em movimentos internacionais de bem-estar animal. Ela, hoje, é conselheira política da Federação Mundial para os Animais e mora na África do Sul. Jackson tem mais de 25 anos de experiência em gestão de emergências e assuntos humanitários. Atualmente, é diretor de ajuda em desastres da Four Paws Internacional e mora na Áustria.

 

*1ª Guerra Mundial (1914-1918)

Mais de 16 milhões de animais foram obrigados a servir por todos os lados, com 9 milhões mortos (incluindo 8 milhões de cavalos, mulas e burros).

 

* 2ª Guerra Mundial (1939-1945)

Mais de 750mil animais domésticos foram mortos na Grã-Bretanha numa semana, na sequência de uma campanha de informação pública do governo sobre segurança e a escassez de alimentos. O exército alemão, na frente oriental, perdeu 179mil cavalos em 2 meses.

 

* Guerra do Vietnã (1955-1975)

O uso do Agente Laranja pelos Estados Unidos, para eliminar a cobertura florestal, destruiu os habitats de tigres, elefantes, leopardos e outras espécies no Vietnã, e ao menos 40.000 animais foram mortos por minas terrestres não detonadas, nos 20 anos que se seguiram à guerra.

 

* Irã-Iraque (1980-1988)

Populações de cabras selvagens, lobos, lontras, pelicanos, hienas listradas, golfinhos de rio e outros animais selvagens foram exterminados ou chegaram ao risco de extinção.

 

*Sudão (1983-2005)

A população de elefantes do Sudão foi reduzida de 100mil para 5.000.

 

*Afeganistão (1990-1999)

Cerca de 75.000 animais foram mortos devido às minas, mais da metade da população de animais usada na pecuária.

 

*Guerra do Golfo (1990-1991)

Mais de 80% dos bovinos no Kwait morreram, incluindo 790mil ovelhas, 12.500 vacas e 2.500 cavalos. Cerca de 85% dos animais do Zoológico Internacional do Kwait morreram. Um vazamento deliberado de petróleo no Golfo Pérsico pelas tropas iraquianas causou a morte de até 230mil animais aquáticos e pássaros.

 

Ao longo da história, animais selvagens e domésticos são alvo de abusos, ferimentos ou morte em conflitos armados. Os tratados internacionais, todos antropocêntricos, não reconhecem as necessidades e os direitos dos animais durante as guerras.


 Dizy Ayala

Redatora, Blogueira, Revisora, Escritora, Vegana.
Defensora dos Animais e do Meio ambiente.
Comunicadora Formada em Publicidade e Propaganda -  
Universidade do Vale do Rio dos Sinos - Unisinos

Autora dos Livros:

Uma Escolha pela Vida - A Importância de Nossas Escolhas Diárias de Consumo & Veganismo em Rede - Conexões de um Movimento em Expansão

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