sexta-feira, 22 de julho de 2016

AquaRio, a maior prisão da vida marinha da América Latina.


 AquaRio, 
a maior prisão da vida marinha da América Latina.

Por Dizy Ayala

Com o objetivo de ser o maior aquário da América Latina, mais de 120 milhões de reais foram investidos para o AquaRio, na cidade do Rio de Janeiro, Brasil, com o objetivo de manter  8.000 animais de 350 espécies diferentes num cativeiro de 22 mil m² de área construída e 4,2 milhões de litros de água.

Várias espécies animais serão aprisionadas e privadas de seu habitat natural e hábitos próprios, por toda a vida, para satisfazer a curiosidade breve de turistas e moradores locais. A ação é uma parceria entre o governo brasileiro com empresas privadas. A maioria dos animais foi capturada ou comprada no comércio internacional, enquanto outros foram trocados com aquários de todo o mundo.

Foi encarregada da obra, a Kreimer Engenharia (Rio Water Planet, Cidade do Samba) que tem como principal patrocinadora, a Coca-Cola. A marca investiu cerca de US$ 10 milhões para a construção do aquário. 

Existem atualmente mais de 100 aquários de grande porte ao redor do mundo. Nesta indústria cruel, 90% dos tanques são abastecidos com animais capturados.
A infeliz ideia de criar um aquário na Zona Portuária teve início em 2001, quando a prefeitura anunciou um plano diretor de revitalização da área. O prédio do antigo frigorífico da Companhia Brasileira de Armazenamento (Cibrazem) foi cedido ao AquaRio em 2008, por um prazo de 50 anos. Os investidores são formados pelo Grupo Cataratas, que faz a gestão dos parques nacionais de Foz do Iguaçu e de Fernando de Noronha, pela empresa de transporte Bel-Tour e pela Esfeco, empresa que opera os trens do Corcovado.

O Aquário Marinho do Rio (AquaRio) tinha previsão de inauguração em julho de 2106. As obras tiveram várias mudanças no cronograma. Segundo o diretor-presidente do complexo, Marcelo Szpilman, o processo de quarentena demorarou mais tempo do que foi planejado. 

Além de comprar animais, o AquaRio também está recebendo doações de pescadores amadores. Entre as espécies, estão anchovas, pampos, pargos, cocorocas, coiós, jaguariças e marias da toca, comuns no litoral fluminense.

— Tudo é aprendizado. Vamos ver se vai dar certo. — afirmou Szpilman, que, desde outubro de 2015, realiza expedições para povoar o AquaRio. — O plano é capturar os peixes no nosso litoral mesmo, enquanto alguns terão que ser comprados de importadores, como o peixe-palhaço, que ficou famoso com o desenho “Procurando Nemo". Os capturados são peixes comerciais, pescados diariamente, e que são direcionados para o consumo. Alguns peixes exóticos estão sendo comprados. Há também peixes de aquário, que são fáceis de comprar e que são produzidos em cativeiro.


Espécie Mangona  (Foto: Daniel Botelho)
Os tubarões chegaram da Indonésia por via legal, sob os argumentos de cunho educacional e de preservação. Infelizmente o que se vê é a prática do comércio e tráfico de animais para o entretenimento que abastece circos, zoológicos e aquários. Os animais que naturalmente nadam solitários em águas profundas, em linha reta, a longas distâncias, estarão restritos a poucos metros quadrados, em cubículos, em presença constante e incessante dos visitantes. Uma verdadeira violação dos direitos animais.


O AquaRio tem capacidade para receber até dez mil visitantes nos fins de semana. Em dias úteis, poderá chegar a dois mil. Os animais estarão constantemente sob estresse por conta da intensa visitação, o que é fator de alteração do comportamento com dano físico e emocional.

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Atividades para o público

O AquaRio irá apresentar várias “atrações” para os visitantes.  A principal delas é o mergulho com tubarões. O público poderá ter contato com diversas espécies e mergulhar junto com peixes, tubarões e arraias. O chamado Recinto Oceânico e de Mergulho terá sete metros de profundidade e irá comportar 3,3 milhões litros de água. “São espécies completamente dóceis, não é uma ameaça de maneira alguma. A atividade será em um ambiente controlado, com água clara e sem riscos”, afirma o diretor do projeto, Marcelo Szpilman.

Um túnel de acrílico passará por baixo, para a passagem dos visitantes. Entre as opções de passeio estarão programas noturnos, para crianças passarem a noite observando a fauna subaquática. Também serão realizadas pesquisas marinhas e reprodução em cativeiro.

"Existem cativeiros e cativeiros... Ursos polares estarão extintos em 2050, temos que prendê-los nos aquários", declara Marcelo Spilzman, em sua controvertida visão de preservação. (Palestra UFRJ)
“Teremos uma pareceria com o Centro de Pesquisa de Biologia Marinha da UFRJ. Lá [no AquaRio] vamos realizar estudos sobre peixes de recife e de coral. Com isso, o Rio passa a ter um Centro de Pesquisas Cientificas com mestrados, doutorados e estágios na área”, comentou o biólogo.
— Seremos para lazer e entretenimento, mas o foco do aquário é a educação, pesquisa e conservação — afirma Szpilman.

O que há é uma mistura de espécies em confinamento que não costumam conviver habitualmente, os de águas rasas com os de águas mais profundas. O que descaracteriza qualquer referência ao estudo ou ensino-aprendizagem a partir da observação desses pobres animais cativos no aquário.

Vivemos um momento onde boa parte da população do país tem se manifestado contra a existência de zoológicos e aquários por compreender que se tratam de locais de prisão e maus- tratos, pela privação a que os animais sofrem quando vivendo fora de seu habitat natural e do convívio com seus pares. E que as verdadeiras unidades de preservação para abrigar animais resgatados são os chamados santuários, os quais não tem fins comerciais e os animais, portanto, não estão expostos e nem submetidos à exposição pública, algo não natural, tampouco a violação de seus hábitos, como no caso de visitações diurnas e inclusive noturnas.



Os animais não foram feitos para o entretenimento e tem seus próprios direitos. Há várias unidades de conservação como o projeto Tamar que permitem e incentivam a consciência ambiental. Dispomos hoje de inúmeros recursos tecnológicos interativos que possibilitam locais de exposição, nos grandes centros urbanos, com realidade virtual, sem que nenhum animal seja aprisionado. É compromisso de cada um e suas famílias não compactuar com locais e marcas que patrocinam a exploração. Assim, é possível criar para as novas gerações uma nova cultura de respeito pelas outras especies que dividem o planeta conosco e sua preservação.


Não há diversão no cativeiro!


Exemplo do quadro de depressão a que são expostos os animais em confinamento.


Campanha AquaRio Eu Não Vou

Ativismo GAIA

Fontes de dados, informações, imagens e declarações ANDA  e O Globo 

Leia também: 

Pelo fim dos zoológicos e aquários no mundo




Dizy Ayala


Blogueira, Revisora, Escritora, Vegana.
Formanda em Publicidade e Propaganda -  
Universidade do Vale do Rio dos Sinos - Unisinos
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Ação pelos Direitos dos Animais  
dizyayala@gmail.com




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